"A distância diminue as paixões medíocres e aumenta as grandes,
assim como vento apaga as velas e acende as fogueiras".
Essa frase, de um filósofo francês de nome difícil é uma das mais sábias que conheço, pois traduz na íntegra um acreditar. A meu ver, a distância não só aumenta as paixões. Ela as mantêm.
Obviamente que não estamos aqui a falar de distâncias intransponíveis, como a própria morte. Não. Tô falando de distâncias cabíveis. Por exemplo: distâncias como a que vivencio hoje, coisa de passar uma ou duas semanas sem ver alguém que se gosta muito, sobretudo que se enamora.
Sinto hoje que, por mais difícil que seja esse estar longe, é ele o elemento catalizador desse continuar. Penso cá com meus botões que, se não houvesse essa distância - dada a euforia amorosa que assola a mim e a meu cúmplice -, já estaríamos fadados à determinadas monotonias que nos levariam mais rápido ao fim da relação, sabe? Porque a saudade - a ausência da presença como me ensinou Gilberto Gil - ela nos alimenta o amor.
Claro que não é um troço facilmente compreensível. Cabe aqui uma dialética um tanto mais profunda. Mas o que vale é esse saber. Claro que a saudade dói. Dia desses inclusive, presenciei essa dor e ela parecia me dilacerar inteira por dentro, foi incrível: eu fazia milhões de coisas e nada me preenchia. parecia que me faltava um pedaço, coisa estranha assim.
E veja que quando falamos de distância hoje, falamos de uma distância um tanto efémera em sua essência de sentidos, pois com tantos aparatos tecnológicos a definição de estar longe é um tanto conturbada. São telefones, emails e etcs nos resociabilizando no dia a dia. Que casal sofre mais de saudade a la século 19? (quase) nenhum. Eu, por exemplo, recebo ligações pelo menos duas vezes por dia, além das trocas de mensagens pelos mais diversos meios. Então a distância também foi reiventada e a saudade que pulsa não é a de não saber do outro alguém; é a saudade de tocar, de amar de perto, de trocar saliva, os fluidos todos. A saudade do séclo XXI é uma outra saudade...
E se / no fim / dessa / canção / vc estiver com a bola na mão .... Não pule fora. Analise melhor suas distâncias, pois, muitas vezes, o que nos separa do outro - seja lá quem for o outro - nem é uma estrada, distância física. Muitas vezes estar perto, junto, do lado, se torna tão insignificaante pela mediocridade das ações cotidianas que o amor se transforma em bom dia, que nem na música do Kid Abelha.
Bom mesmo é aproveitar a saudade e fazer da ausência da presença do outro um momento de reflexão, de atividades outras, campo para novas ações. Até que um dia seja inevitável ficar mais perto, mais junto, quiça até debaixo do mesmo teto (que meda!!!).
Mas é isso aí... Vamos viver tudo que há pra viver né? vamos nos permitir.
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